sexta-feira, 26 de setembro de 2025

luto da banca

Ela já estava fechada há algum tempo, talvez anos, mas ainda permanecia ali, a estrutura visível que aflorava sensações e cenas de quando eu passava pela calçada da padaria, também desativada. Numa das esquinas da avenida dos meus passos, agora o vazio na calçada marcando a morte física da banca de jornal.

Meu ponto da descida ficava nessa menor quadra que fica entre a Rua Luiz de Sousa e João Hoffmann, o ponto segue ali, mas 1 dia por semana eu descia 1 ponto antes, perto do Bazar Maria José e passava na banca para comprar gibi da Turma da Mônica para minha filha Bruna e a revista Recreio para meu irmão caçula Henrique. Aos domingos, dia de feira livre, a banca de jornal e a barraca do pastel, eram paradas favoritas das crianças de tantas famílias. A banca do pastel permanece e nós seguimos apreciando esse patrimônio.

Em um dos episódios do podcast nós falamos do casal da banca que segue frequentando a feira, do quanto ela faz parte de nossa história e da importância de manter viva esses pequenos espaços, outrora tão presentes nas ruas, avenidas e praças das cidades. Ainda tem uma banca viva na Analice Sakatauskas que fica na esquina da Monte Ararat com a Analice. O pai e a filha costumam ficar por lá. Tem livros, gibis, revistas. Quando passarem por essa calçada, compre algum exemplar para você ou presentear. Vamos manter essa banca viva?

Quando vou em Osasco, aqui falando do centro, continuamos assim dizendo, gosto de parar na banca da Praça Padroeira do Brasil e comprar algum item. Quando vou para São Paulo ainda encontros bancas em alguns bairros. Esses dias passando próximo ao Ibirapuera, observei pessoas conversando na banca de uma pequena e graciosa praça, pareciam moradores do bairro, um tinha jornal nas mãos, outro uma revista e o dono da banca um sorriso nos lábios. Não deixem as bancas morrerem.

A marca na calçada retrata a ausência da banca da esquina da Rua Dirce Christensen com Analice Sakatauskas. Eu me demorei contemplando na altura desse CEP 06060-070, numa despedida triste. As lembranças das grandiosas alegrias que a parada na banca eternizou seguirão nas memórias vivas que vibram nos sentidos. O luto da morte da banca é dolorido, traz uma angústia em pensar sobre as tantas já mortas, até mesmo nas recordações. Quantas bancas resistirão?

Não deixem as bancas morrerem.

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