São 35 anos circulando pela avenida Analice Sakatauskas. Nesse percurso de décadas eu colecionei muitas memórias. O texto de apresentação pincelou nuances dessa chegada e permanência. Dentro desse percurso muitos estabelecimentos conheci, vi nascer, desaparecer e mudar. Tem alguns locais que os antigos, como são chamados os que por aqui estão desde sempre, ou como se diz na minha terra: “desde que eu me conheço por gente”, sempre usaram como referência para indicar a localização, que hoje se passa em instantes pelo zap.
Um deles é a esquina da Analice com a Rua José Cid
Stella, na altura 867, onde está sendo erguido o segundo prédio da avenida. É
também o cruzamento com a Rua João Hoffman, e o início ou final da feira de
domingo, dependendo do seu trajeto. No meu caso, é onde sempre começa, pela
banca do caldo de cana. Neste local do futuro Helbor New Patteo Osasco, já
passaram duas concessionárias. A Fiat Udivel, onde nossa família comprou o
primeiro e único automóvel zero. Depois veio a passagem da Itavox, da Volkswagen.
Citei referência de lugar no primeiro parágrafo porque muitas vezes ouvi e disse:
Travessa da Analice, na esquina da Fiat Udivel. Ou quando mudou a marca: moro perto
da Concessionária Itavox. Logo adiante falarão: moro no Helbor na esquina da
Analice. Pela grandeza da construção, que já faz sombra na calçada oposta, o
prédio se tornará um ponto forte da localização, tanto da Analice como da
Hirant Sanazar, a avenida irmã lateral. A futura morada Helbor, também abrigará um Mall no térreo. Um centro comercial que atenderá os moradores dos apartamentos e também do bairro.
“É a avenida crescendo.” Ouvi recentemente. O desenvolvimento segue no ritmo
turbo. Voltando para a localização, apesar da tecnologia ser altamente
favorável, ainda tenho clientes que preferem o jeito antigo, como eles mesmos
falam. Anotam o endereço informado ao telefone ou, mesmo quando pedem pelo
WhatsApp, solicitam por escrito e pedem uma explicação de como chegar. Um
deles, durante o atendimento presencial, cuja conversa também girou em torno das
diferenças do ontem e hoje, enveredando sobre os valores que devem permanecer, fez um
comentário que vale refletir:
“não sou contra tecnologia, ela é fundamental atualmente.
A forma como utilizamos é que faz diferença. Tem empresas e pessoas tão
robotizadas, centradas no sistema, que esquecem que lidam com pessoas. E isso
vai aborrecendo e estragando as relações.” Sua fala me fez lembrar de outra
colocação de um motorista do Uber sobre o aplicativo de mapas: “ficamos tão
ligados nessa tela que não visualizamos mais a beleza e detalhes das vias que
circulamos. Olha como esse canteiro central é bonito.” Ele falava das muitas árvores
que margeiam o córrego Bussocaba na Hirant Sanazar.
Concluo esse texto 1 de memórias da avenida,
refletindo sobre as referências dos lugares que andamos e de como essa perda de
visão da janela, quando estamos sintonizados apenas na tela do celular dentro
do carro, nos faz perder essa leitura dos cenários das ruas e avenidas das
cidades que moramos ou visitamos. Isso também vale para quando caminhamos, eu
ainda conservo o hábito de andar contemplando. E se alguma cena capta meu olhar, tiro o celular da bolsa e registro, como na imagem que ilustra essa postagem. E você, quais referências do seu
caminho anda memorizando?
Eu sou, Ivone, também Maria, do tempo da Udivel, da
Itavox e de outros ícones tradicionais da Analice Sakatauskas. O ciclo da
mudança é perene na teia do tempo e é nele que temos espaço para seguir
colecionando memórias. Até o próximo relato.
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